Diga-me o que vestes que eu te direi quem és.

A aparição desleixada de Obama (e sua confissão de que Michelle compra suas roupas) causou impacto sobre o público

Andar na moda é, pelo menos nos Estados Unidos, uma questão de Estado. Esta semana o presidente Barack Obama foi massacrado pelos seus eleitores por ter se apresentado inadequadamente vestido na abertura de um jogo de beisebol.

Queridinho da mídia e do coração de grande parte dos adultos votantes americanos, Obama foi abatido por uma avalanche de reclamações contra o jeans largo e de cintura alta, no estilo papai sabe tudo, usado na apresentação.

A aparição mal vestida revoltou os admiradores de Mr. Obama e culminou numa entrevista na NBC, na qual ele se rendeu aos comentários maldosos confirmando não ser chegado em moda.
Para os eleitores, além dele ter cometido um pecado grave – afinal os EUA inventaram o marketing pessoal – o presidente completou jogando a mulher na fogueira confessando que é ela quem compra as roupas que usa.

Para os americanos, a economia em baixa e as altas taxas de desemprego não são desculpas para uma aparência inadequada. E mesmo com uma desenvoltura profissional com poucas críticas, não se apresentar vestido como manda o imaginário do seu público é tão ruim quanto dirigir mal o país.

Embora este episódio pareça distante da nossa realidade, ele é relevante porque deixa aparente a importância das roupas na construção da imagem sócio-profissional das pessoas.
Algumas vezes, somos levados a crer que a atenção e cuidados com a aparência não têm relevância efetiva para a carreira profissional ou para a vida, e que a observação dos detalhes na escolha sobre o que vestir são próprias de desocupados ou endinheirados.

Mas isso não é verdade, muitos estudiosos têm demonstrado a importância da roupa não só como função estética, mas como fonte de informações e significados para quem vê, aqui ou em qualquer outro lugar do mundo globalizado.

Pensamentos como os de Pirandello, o autor italiano do início do século 20 que afirmou que “As coisas são como parecem”, e de Umberto Eco, filósofo e escritor que defende que “50% das roupas que usamos é só para impressionar quem nos vê”, dão conta de mostrar que nem Barack Obama pode se contrapor à importância das roupas.

Pensando nos eleitores americanos, é preciso compreender que ver seu presidente usando calça ao estilo do grande (mas ultrapassado) filme “Dólar Furado” é de fato preocupante, na medida em que do jeito presidencial nasce a questão sobre a competência, arrojo e empreendedorismo de quem se veste de forma tão retrógrada.

Acreditando que a roupa tem mesmo a competência de revelar até pensamentos, vestir-se adequadamente para o momento e idade é para lá de importante para não deixar nenhuma duvida a respeito de quem somos, gostamos ou fazemos – tanto na vida pessoal quanto na profissional.

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