Viagra para mulheres" e atua no mecanismo cerebral que ativa a libido

"Pílula do desejo" a caminho do mercado mundial

Na reta final de lançamento, remédio é apelidado de "Viagra para mulheres" e atua no mecanismo cerebral que ativa a libido.
Após mais de uma década do lançamento do Viagra está em fase final de testes a versão feminina do medicamento que revolucionou o comportamento sexual masculino tratando problemas de ereção (a disfunção erétil).

Desenvolvida pela farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim, a nova pílula aumenta a libido feminina agindo diretamente no cérebro.

O mecanismo de atuação foi descoberto acidentalmente, em 2002. Na busca por um tratamento para depressão, a empresa tropeçou em um composto que, em vez de levantar o ânimo das pacientes, aumentava o apetite sexual. Após um período inicial de hesitação, a empresa resolveu investir na nova descoberta. Batizado de flibanserin o princípio ativo ajuda a restaurar o equilíbrio entre mecanismos de excitação e inibição da resposta sexual, agindo diretamente nos neurotransmissores cerebrais.

“O medicamento pode finalmente mudar a ideia de que a diminuição do desejo não envolve apenas um parceiro sexual ruim, mas pode estar relacionada a uma disfunção no funcionamento do cérebro”, afirmou ao site da Bloomberg norte-americana o neurologista Jim Pfaus, da Concordia University, em Montreal, no Canadá, que conduziu os primeiros experimentos em ratos com a “pílula do desejo”.

Os testes foram realizados com mais de duas mil mulheres nos Estados Unidos, Canadá e Europa, usando quatro diferentes dosagens do medicamento. Apenas a maior delas, de 100 miligramas, se mostrou eficaz.
De acordo com o jornal britânico The Independent, aquelas que tomaram o medicamento na dose correta afirmaram ter alcançado mais satisfação e maior frequência nas relações sexuais, além de aumento do desejo. Para os pesquisadores a nova descoberta é, apesar do mecanismo de ação distinto, uma espécie de Viagra feminino.

Enquanto a Boehringer recruta mulheres com mais de 40 anos para seguir com os testes, os resultados obtidos até agora já foram suficientes para transformar o flibanserin em foco de atenções no 12º Congresso da Sociedade Européia de Medicina Sexual, que termina amanhã em Lyon, na França. Se conseguir comprovar sua eficácia e segurança no tratamento de um dos maiores dramas femininos, a perda da libido, a medicação pode chegar ao mercado dentro de 3 anos. A expectativa é de que as vendas do medicamento ultrapassem as cifras obtidas com a comercialização dos remédios para disfunção erétil – 2 bilhões de dólares por ano.